O Opala

A História

Tanto para as pessoas que possuem ou tiveram, quanto para as que não tiveram a oportunidade de conhecer ou possuir o absoluto e inigualável carro que revolucionou a indústria automobilística brasileira, o CHEVROLET OPALA fica na memória o qual nunca será esquecido.

A companhia Geral de Motores do Brasil S.A (futuramente General Motors do Brasil - GMB) instalou-se no Brasil em janeiro de 1925. Até meados dos anos 60 restingia-se apenas montagem e fabricações de “modelos comerciais” denominados linha C, que além do caminhão C-60 e a pick-up C-10 passou a contar com uma nova camioneta: a C1416 que se popularizou como Veraneio. No início do ano de 1965 (segundo Carlos Buechler – diretor executivo de engenharia de produto/GM-2002) já se falava oficialmente na possibilidade da GM produzir seu primeiro automóvel no Brasil. Definida junto ao CEIA, o Grupo Executivo da Indústria Automobilística instaurado pelo governo de Juscelino Kubitschek, a produção do primeiro automóvel Chevrolet nacional era certa.

Na GMB, um grupo de visionários acreditava que a melhor escolha seria fabricar o Chevy Nova, no qual acabou sendo fabricado na Argentina (de acordo com Stefan Bogar – Diretor de Produção/GM-1998). Sem influência alguma da matriz americana, nascia a semente da jóia da indústria nacional com a fusão do Impala da matriz americana tão bem sucedido em nossas terras e o Opel Rekord um dos modelos mais leve e econômico da subsidiária alemã Opel. No ano de 1966 na cidade de São Paulo, em uma entrevista coletiva à imprensa no Clube Atlético Paulistano, a GM anunciava o início do projeto 676.

O projeto 676 foi mais de dois anos de desenvolvimento, resultado de mais de dois anos e 500 mil quilômetros de testes. O público ficou conhecendo somente na abertura do VI Salão do Automóvel, realizado entre os dias 23 de novembro e 8 de dezembro de 1968. O Opala apareceu sobre um palco giratório, em um estande de 1.500m².

O nome Opala vem de uma pedra preciosa, incolor ao ser extraída do solo, mas que adquire múltiplos tons ao ser exposta à luz. Era também, ao que se comenta a fusão entre Opel (divisão da GM na Europa) e Impala. A própria GM admite que não havia ainda definido o nome, apenas sugestões até quando caiu na rápida popularização levando à aprovação da escolha. Nesta época o consumidor teria que optar entre um carro grande e caro como o Galaxi e modelos obsoletos como da Simca por exemplo, moderno o Opala se encaixou no meio desses dois grupos e não demorou a conquistar uma legião de fãs que perdura até hoje.





Opala 68/70 em linha de montagem.

O primeiro modelo era o Sedan quatro portas, lançado em duas versões, Opala (básico/standard) e Opala De Luxo, equipadas com também duas motorizações, um 4 cilindros de 2500 CC com 80 cv brutos e o 6 cilindros de 3800 CC com 125cv brutos. O carro obteve tanto sucesso que logo depois de seu lançamento o Opala já alcançava a marca dos 10 mil carros produzidos. Seus últimos modelos receberam um toque especial, o luxuoso teto de vinil.





Oplala 68/70 De Luxo

Em junho de 1970, o carro teve as primeiras mudanças e a linha ganha nova grade de radiador, novos frisos frontais e traseiros. Seu interior também foi modificado e a linha ganhava dois novos modelos, o Opala SS (esportivo como novo motor 4100CC de 140cv, câmbio no assoalho, rodas esportivas de 5 polegadas e acento dianteiro individual), sigla para separated seats (bancos separado – também conhecido como super sport ou silver star) e o Opala Gran Luxo (a versão mais luxuosa com acabamento requintado imitando jacarandá na tampa do porta-luvas e nos forros de portas) que começaram a ser comercializados no ano seguinte. Para dar uma maior luxuosidade, havia a opção de ar condicionado. No dia 03 de agosto de 1970 marcou a produção do Opala de número 50.000.

Em setembro de 1971, a linha Opala seria acrescida do modelo Coupé duas portas sem coluna (uma sensação), um "um fast back de verdade" ou, o "genuíno Hard Top sem coluna", como dizia o slogan da época. Neste ano o modelo SS um toque ainda mais esportivo ao carro quatro portas daria lugar ao SS de duas portas Coupé, o que deu. No mesmo ano a Chevrolet aboliria o motor 6 cilindros de 3800 CC, ficando em linha somente o 4100 CC de cilindros e o 2500 CC de 4 cilindros.





Opala 71/72 Gran Luxo

Em 1973 a linha sofre novas modificações, o Opala ganhou novas cores, um novo acabamento interno e uma nova grade de radiador. A lanterna do pisca que nos anos anteriores era conhecido como “cego” passou a ser na ponta do pára-lama e a lanterna de ré passou a ser maior e ao lado da lanterna de freio/pisca (exceto no moldelo especial). A linha gran luxo perde um pouco de seu chame sem os acabamentos requintados. No final do ano foi desenvolvido um novo motor 4 cilindros chamado de 151 com 90 Hp, o aperfeiçoamento da suspensão dianteira, no eixo e na transmissão "automatic" passou a ser disponível em toda a linha Opala inclusive nos 4 cilindros. A nova versão SS-4, com motor 4 cilindros, recebeu motor 151-S de 98 Hp além de que tudo isso contribuiu para que no ano seguinte fossem mais de 300.000 Opalas produzidos. Nesse ano a linha SS-4 recebe o capuz do motor, saia e painel traseiro e pára-choques com uma pintura preto fosco perdendo sem as faixas laterais e recebendo um adesivo SS-4 no pára-lama. Já a linha SS-6 recebe novas faixas laterais na altura da maçaneta.





Opala 73/74

No final do ano de 1974, já pensando no ano seguinte no qual a GM comemorava 50 anos de Brasil, a linha crescia com a perua Caravan e a versão de luxo Comodoro que voltou com os acabamentos requintados imitando jacarandá nos forros de porta e painel. Surge a primeira reestilização do opala. O automóvel ficou com uma aparência mais robusta, passou a ter nova grade, novo capô, frisos pontilhados no bico do pára-lama, a traseira passa a ter quatro sinaleiras redondas além dos modelos SS e Comodoro recebem novas tampas de combustível maiores e trabalhadas. O carro ganha novas calotas e a opção de direção hidráulica e ar condicionado, a versão Gran Luxo é descontinuada e dá lugar ao luxuoso Chevrolet Opala Comodoro, com o teto em vinil Las Vegas, disponível somente na versão Coupé já que o opala sedan quatro portas acompanham teto de vinil inteiro. A linha opala SS Coupé recebeu uma versão especial com novas faixas laterais, esse modelo ficou conhecido como “SS tigrado”, que teve pouca aceitação de mercado e ficou como apenas uma edição especial. Já no final desse ano a linha SS volta a ter novas faixas laterais por cima das caixas de rodas e caixas de ar.





Opala e Caravan 75/77

No ano seguinte, mais de 100 jornalistas de todo Brasil foram convidados para o lançamento oficial da linha 1976, no Campo de Provas da Cruz Alta. Numa festa em que os veículos foram analisados e testados em todos os detalhes. Apesar de não ocorreram muitas modificações na linha Opala, a principal mudança da linha 76 foi a adoção de uma taxa de compressão ligeiramente mais alta nos motores (de 7:1 para 7,5:1) e o 151-s passava a ser disponível para toda a linha, não mais restringindo-se ao SS-4. Ainda nesse ano, surgiu o motor 6 cilindros 250-S com tuchos mecânicos e novo comando de válvulas, o que ocasionou o aumento de sua potência de 140cv para 168cv brutos e o painel de alguns Comodoro 6cc e SS-6 recebem novos instrumentos com tacômetro de 7mil (conta-giros) e velocímetro de 200km/h . No final do ano de 1977, o Opala recebe novas modificações, como novas calotas, novas faixas (filetes laterais), nova grade de radiador, novo volante, novos bancos, a chave da ignição passou a ser na coluna de direção além de um belo acabamento interior vinho (chateau), além dos monocromáticos preto e marrom. A linha SS recebe novas faixas laterais contornando as caixas de ar e caixas de roda. Surge também a versão SS da Wagon Caravan, com motores de 4 e 6 cilindros, com faixas decorativas semelhantes às do Opala, novos espelhos, faróis de milha e vidros Ray-Ban. Em menos de 10 anos, no dia 29 de março de 1978 eram mais de 500mil unidades produzidas.





Caravan 75/77

Em 1979 surgiu o novo sistema de carburação, com corpo duplo e duplo estágio, novo tanque de combustível com capacidade para 65 litros e freio de mão entre os bancos dianteiros, mais práticos Neste ano a GM lançava o Opala à àlcool, na qual o o motor 250-S passava para 171cv brustos. Este foi o último Opala de faróis redondos, que teve poucos acabamentos e detalhes. No mesmo ano, apesar da carroceria continuar a mesma, o carro foi todo reestilizado, se tornando “quadrado”, capo, pára-lamas e tampa de mala, exceto teto e lateral que em nenhum ano foi alterada, com exceção a ponta da lateral traseira. Nesse ano ainda seria lançado o Diplomata, versão Top de linha, que vinha com bancos e laterais revestidas em "cashmerew" e console revestido em vinil Em dezembro de 1979 o novo Opala já era comercializado, com nova grade, pára-choques, frisos emborrachados, retrovisores, emblemas, faróis e sinaleiras traseiras retangulares, para muitos o opala perdeu um pouco do seu charme.

Com a grade aceitação da Caravan no mercado, a engenharia começou a defender um novo modelo com cinco portas. Alguns protótipos foram criados e essa nova versão mostrava agradar tanto como as de três portas. Mas essa versão ficou no papel após uma pesquisa feita em Curitiba-PR, que na época era a cidade onde eram feitas muitas avaliações de mercado.





Opala Comodoro 79

Em 1981, a linha Opala ganhou novo painel, um interior cinza, pára-brisa laminado degradê e frisos contornando a lanterna. A Caravan ganha um acessório muito útil em qualquer wagon: o limpador de vidro traseiro. O motor 4CC a alcool passa a ser 8cv mais forte. No inicio desse ano a opção de teto de vinil era extinta junto com os últimos exemplares SS. No ano seguinte o Opala ganha transmissão de cinco velocidades com a 5ª marcha em Over Drive para a versão 4 cilindros além de ter atingido o número de 750mil unidades produzidas. Os modelos a álcool tiveram o tanque aumentado de 65 para 88 litros. A linha 84 mantém seu estilo apenas com algumas melhorias de conforto além das mais de 20 versões.





Opala 80 diplomata

No ano de 1985 o Opala continuava recebendo novas maquiagens, como novos pára-choques com ponteiras plásticas, frisos laterais, grade de radiador, retrovisores elétricos, maçanetas de portas e lanternas além de um interior todo reestilizado com parte (carpete) extra-nylon. A linha diplomata recebe farol auxiliar e frisos emborrachados laterais mais largos. Mas a maior novidade foi o aparecimento da Caravan Diplomata. No ano seguinte, poucas mudanças surgiram como toca-fitas auto-reverse e relógio digital.





Opala Diplomata 81/84

Até que em 1988 o Opala recebe uma “cara-nova” com faróis acoplados com faróis auxiliares, nova grade de radiador e um nariz mais arredondado além de mudanças nas lanternas traseiras estendidas de ponta a ponta, novo interior com coluna de direção regulável e por tristeza de muitos a linha Coupé chegava ao fim. O Opala perdia mercado, seu sucesso não era o mesmo, os rumores de que o velho Opala logo seria aposentado tornavam-se freqüentes, e em uma pesquisa de opinião, a GM avaliava a aceitação do Omega. Como a Opel havia lançado o Omega em 1986, decidiu-se nacionalizar o modelo devido o projeto já estar avançado e com um custo de desenvolvimento bem menor. Desse modo, o projeto do Opala II ficou apenas em desenhos e na confecção de um molde em plástico já que exigiria um alto investimento no qual o nosso mercado não comportaria. A GM não queria arriscar, queria algo certo e mesmo com o Omega a expectativa não foi atingida. Quem sabe não seria a escolha certa não seria o projeto do opala II.





Opala Diplomata 88/90

No ano de 1991 o Opala recebe seus últimos retoques de despedida, já com tanques de 91litros e lanternas traseiras fumês, o opala recebeu novos pára-choques envolventes em plástico polipropileno, rodas aro 15 para o Diplomata, freio disco nas quatro rodas e desaparece o quebra vento. O interior trazia novo desenho no volante, de ótima empunhadura, e nos forros de porta, além de revestimento pré-moldado do teto. Em 1992 o Opala dá seus últimos suspiros em meio a uma grande novidade: câmbio de 5 marchas com Over Drive para o motor 6 cilindros.

No ano em que o Opala chegava ao fim, foi lançada a série especial Diplomata Collector (colecionador), de estimadas 150 a 200 unidades, que vinha acompanhada de um certificado, uma fita de vídeo com a cronologia do Opala, desde o projeto inicial, e chaves banhadas a ouro. No lugar dos logotipos Diplomata, na traseira e no volante, vinha Collector.





Opala Diplomata 91/92

Até que no dia 16 de abril de 1992 a linha de produção em São Caetano do Sul – SP, chegava ao número exato de um milhão sendo encerrada com uma Caravan ambulância e um Opala Diplomata. Então era anunciado o seu sucessor chamado Omega, que por sua vez conseguiu o substituir nas concessionárias, mas nunca no coração dos brasileiros, que ainda hoje cultuam este grande carro que até hoje mantém um bom índice de venda no mercado de usados. Nunca mais a GM brasileira conseguiu repetir o sucesso com outro automóvel como que teve com a linha Opala.

Após sua descontinuação, fãs passavam buzinando e protestando diante da portaria principal da General Motors na avenida Goiás, em São Caetano do Sul - SP. Nenhum carro deixou tantas saudades nos brasileiros como o Opala, mostrando que Opala é único e inesquecível...



Fonte:

bestcars.com.br,
Revista 4 rodas e
souvenirs